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Exploração de terras raras com responsabilidade ambiental pode impulsionar economia do RS, diz professor
17/08/2025
(Foto: Reprodução) Pesquisadores acham terras raras em Caçapava do Sul
Altas concentrações de terras raras identificadas na região central do Rio Grande do Sul colocam o município de Caçapava do Sul no mapa da mineração tecnológica. Segundo o professor Edinei Koester, do Curso de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esses elementos químicos, essenciais para setores estratégicos, estão presentes em rochas do tipo carbonatito encontradas na cidade. Entenda a disputa internacional por terras raras.
🔍 As "terras raras" são minerais que compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, normalmente misturados a outros minérios de difícil extração e com alto valor comercial. Apesar do nome, as terras raras não são exatamente raras. Estão espalhadas por todo o mundo, mas em concentrações muito pequenas. Elas são essenciais para a fabricação de turbinas eólicas, baterias de carros elétricos, cabos de transmissão, foguetes, equipamentos médicos, armas e dispositivos eletrônicos de última geração.
“São elementos difíceis de extrair da natureza e essenciais para várias tecnologias, de motores de carros elétricos a lasers e câmeras de LED”, afirma o professor.
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Hoje, o Brasil exporta o material bruto para processamento no exterior, sem agregar valor à produção. Para o professor, isso é uma oportunidade perdida.
“Se tivermos indústrias para produzir ímãs ou telas de LED aqui, geramos empregos e tecnologia. Isso traria um benefício econômico tanto para Caçapava do Sul quanto para o Brasil”, avalia.
Ainda não há mineração de terras raras em Caçapava do Sul. Os estudos buscam mapear a ocorrência e medir a viabilidade de extração. A etapa mais complexa é a concentração dos elementos após a retirada da rocha, processo para o qual o Brasil ainda não possui tecnologia consolidada.
“O planeta inteiro está buscando alternativas mais sustentáveis e eles são essenciais nesse processo. Se quisermos evoluir tecnologicamente, precisamos desses elementos”, diz Koester. Ele reforça que uma eventual exploração precisa ser planejada para evitar danos ambientais.
“Mineração pode trazer benefícios, desde que seja feita com estudos bem feitos, trabalhos integrados e respeito ao meio ambiente”, destaca.
O estudo, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), integra o edital Minerais Estratégicos e segue até dezembro de 2026. O projeto reúne especialistas das áreas de Geologia, Química e Biologia.
A UFSM coordena a coleta e análise de amostras de solo, vegetação e água. A UFRGS atua na caracterização mineralógica e geológica das rochas, enquanto a Unipampa contribui com a identificação de áreas e análise ambiental da fauna local.
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Potencial não aproveitado
O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de terras raras — cerca de 21 milhões de toneladas, o equivalente a 23% do total global — mas ainda não realiza a produção e o refino desses elementos em escala industrial. A China lidera o setor, com 49% das reservas e domínio das etapas de refino e fabricação de ímãs, segundo o relatório Mineral Commodity Summaries de 2025.
O país ainda exporta parte dos minerais em estado bruto, dependendo de nações como a China para as etapas finais de purificação.
Já os Estados Unidos buscam acesso às terras raras encontradas no Brasil. Em reunião com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, teria demonstrado interesse em realizar acordos para a aquisição dos minerais estratégicos. Segundo o presidente do Ibram, Raul Jungmann, os americanos demonstraram preocupação e insistência sobre o tema.
As "terras raras" são minerais que compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, normalmente misturados a outros minérios de difícil extração e com alto valor comercial
Reprodução/RBS TV
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